Estive a brincar com as cores do blog e depois de muito mexer (e de passar por azuis e vermelhos), voltei ao original, mudando apenas – e muito ligeiramente – a cor dos links.

Acho que tenho uma relação estranha com as coisas que faço e nunca me sinto contente com o resultado.

então bom dia lisboa

fiel a um amor antigo
acabo sempre por voltar
à casa que gostaria
de poder chamar lar
entre a euforia do regresso
e o cansaço da viagem
com um montão de histórias novas
encafuadas na bagagem
e uma sensação esquisita
que me deixa meio à toa
ora cá estou eu de novo

então bom dia Lisboa

já palmilhei meio mundo,
já andei por todo o lado
e quando a angústia me agarra
vêm-me aos lábios o teu fado
já adormeci cansada
em tanto sítio diferente
e acordo como se tivesse
sempre o Tejo à minha frente
e é sempre a mesma saudação
que na minha cabeça ecoa
como um sonho persistente

então bom dia Lisboa

ora então olá Lisboa
é sempre tão bom voltar
quem sabe haverá um dia
em que virei para ficar
e acabar por aí
numa venha água-furtada
para tornar realidade
um sonho há muito sonhado
e numa ruela qualquer
entre alfama e a madragoa
saudar-te pela manhã

então bom dia Lisboa

Rádio Macau ‘Bom Dia Lisboa’

Esta é a minha nova theme song para ouvir quando volto a Lisboa – e tive a sorte de a ouvir ontem, cantada ao vivo.
Sinto-me muito assim, com a diferença de que o sítio a que chamo lar já é em Lisboa e que já cá estou para ficar – só me falta a água-furtada.

ritmos urbanos, dias 1 + 2

Sines é um lugar estranho. Está a caminho de se tornar uma cidade a sério, mas ainda não chegou lá. Talvez não haja ainda gente suficiente com cultura urbanóide para um evento deste tipo. A verdade é que se estivesse escrito em algum lado “espectáculo com fogo-de-artifício” ou “entrada grátis”, a afluência do público tinha sido maior.

A primeira noite correu mal. Os concertos começaram com um atraso de mais de uma hora e, mesmo assim, o interior do castelo estava quase vazio quando os Micro Audio Waves subiram ao palco. Os Micro Audio Waves são o Flak, um tipo com ar de geek e uma vocalista loira muito Vive La Fête. Pop-electro-rock com qualidade. Mas passou ao lado da dúzia de sinienses que lá estava. É pena. Mereciam mais e melhor público. Para esquecer.

Seguiram-se os Flux, com um concerto que também ficou marcado pela falta de público. O vocalista bem tentava puxar pela fraca assistência, correndo e saltando, mas sem grande sorte. Verdade seja dita, a música não era nada de especial, mas «Joe Bigods Cock Dance» foi um grande momento.

Gomo, menos alternativo que os anteriores, teve um público mais interessado, ainda que a maioria quisesse ver “os Gomo por causa da música do anúncio”. Correu bem (as canções funcionam até melhor ao vivo do que em disco), mas não houve grande ousadias. Por causa do atraso – Gomo acabou já muito depois das 2 da manhã – não fiquei para os dj sets.

O segundo dia correu bem melhor. O concerto dos Nicorette começou ainda com uma hora de atraso (irra!), mas via-se já muito mais gente no castelo. A noite começou calma com os Nicorette, que ainda assim foram mais bem recebidos que o Micro Audios Waves na noite anterior. A minha opinião: os Nicorette são uma seca ao vivo. A maior parte das músicas começa bem, mas depois não saem do mesmo sítio. Ainda assim, foi um prestação simpática, estilo “boa noite, nós somos os Nicorette e não estamos aqui para incomodar ninguém”.

Já passava da meia-noite quando o Quinteto Tati subiu ao palco. Ao contrário do que esperava, havia muito gente interessada no concerto – pessoas que acredito não serem de Sines, porque toda a gente à minha volta sabia as letras das músicas… O concerto foi muito, muito bom. J.P Simões no seu melhor (aquele homem é um senhor, diga-se), de copo e cigarro na mão: “não sou alcoólico!”, canta ele.

Igualmente bem estiveram os Rádio Macau. Estes sim, recebidos com euforia. Foi um concerto em formato best of, com direito a tudo: «Cidade Fantasma», «Hoje É A Brincar», «Bom Dia Lisboa», «Elevador da Glória», «Amanhã é Sempre Longe Demais» (lindo, lindo!) e «O Anzol». Um grande concerto, quer para o público, quer para os elementos da banda, também eles deslumbrados com tão calorosa recepção. O concerto acabou, já em encore, com a Xana a cantar “se o fogo queima, nós também” – e ficou provado que sim.

no autocarro, ao telefone

” … não, estamos a chegar agora. Oh filho, mas isso é muito longe. Agora os autocarros param ao pé do Jardim Zoológico. Olha, diz que se chama Entre-Os-Rios.”

Fazer a mala para ir passar o fim-de-semana a Sines ou preparar-me para uma festa do tupperware é, no fundo, a mesma coisa.

70’s

Os álbuns de fotografias lá de casa são uma coisa viciante! Gostava de ter conhecido os meus pais quando eles tinham 20 anos.

ritmos urbanos

Sines tem apostado muito na cultura. Depois do Músicas do Mundo, é agora vez da ‘música alternativa’ (é o que eles lhe chamam….). Nos dias 24, 25 e 26 deste mês (a começar na próxima sexta-feira, portanto), a Capela da Misericórdia e o castelo vão acolher concertos, dj sets e uma mini-feira do disco.

Na sexta-feira, pelas 20h00, os Mola Dudle actuam na Capela da Misericórdia. No castelo os concertos começam às 21h30, com os Flux. Seguem-se os Micro Audio Waves e às 23h30 Gomo (“ena!”, digo eu). Às duas da manhã, set de Zig Zag Warriors, com João Pedro Gomes do Lux a acompanhar no vídeo.

No sábado, destaque para o concerto dos Nicorette, às 23h00. Segue-se o Quinteto Tati e às 0h45 os Rádio Macau (“ena, ena!”, digo eu).

Os eventos na capela são de entrada livre, mas para os concertos do castelo há bilhetes diários a 2 euros – é baratinho. Claro está que este fim-de-semana vou a casa. Se alguém for, diga qualquer coisa – estarei por lá.
Mais informações no site da Câmara Municipal de Sines.

muz vesga

Diz-me o contador de visitas que há gente a tropeçar no meu blog quando procuram a letra de «Luz Vaga» dos Mesa. Para esses e não só, aqui fica a letra completa (num post anterior só tinha colado o refrão).

luz vaga
muz vesga
a tua cruz
já não sai da minha cama a minha luz
da sala, do quarto

pilha a palavra
troca a quantidade do
assunto modal
a tensão está normal
o lábio fora da boca
a boca fora do mal

os teus olhos não são de gente
o teu ar foge para cima
tens a perna no cimento
tens a mão no pensamento

ciclope, cicloturismo
na parte de fora
na nesga do abismo
imaginário que remete para onde
ainda não fui

convite ao universo
com a tua própria câmara
fecho a luz num olho
prego a tábua à sensação

som da casa quando não estás

dancei para te ver aqui, eu sei que nada mais pode me ajudar. é do nono andar? sim, quis pedir ajuda, mas a língua estava morta. sei lá! parei de olhar, tenho uma corda acesa, prestes a queimar. não és capaz de me levar a sério. vou saltar em teu lugar.

atrasa o passo

leva o lenço à boca
fica na mira do choque frontal
não é doença é um animal
um ruído feito no acto de fingir
seres mau, mesmo a dormir