ritmos urbanos, dias 1 + 2

Sines é um lugar estranho. Está a caminho de se tornar uma cidade a sério, mas ainda não chegou lá. Talvez não haja ainda gente suficiente com cultura urbanóide para um evento deste tipo. A verdade é que se estivesse escrito em algum lado “espectáculo com fogo-de-artifício” ou “entrada grátis”, a afluência do público tinha sido maior.

A primeira noite correu mal. Os concertos começaram com um atraso de mais de uma hora e, mesmo assim, o interior do castelo estava quase vazio quando os Micro Audio Waves subiram ao palco. Os Micro Audio Waves são o Flak, um tipo com ar de geek e uma vocalista loira muito Vive La Fête. Pop-electro-rock com qualidade. Mas passou ao lado da dúzia de sinienses que lá estava. É pena. Mereciam mais e melhor público. Para esquecer.

Seguiram-se os Flux, com um concerto que também ficou marcado pela falta de público. O vocalista bem tentava puxar pela fraca assistência, correndo e saltando, mas sem grande sorte. Verdade seja dita, a música não era nada de especial, mas «Joe Bigods Cock Dance» foi um grande momento.

Gomo, menos alternativo que os anteriores, teve um público mais interessado, ainda que a maioria quisesse ver “os Gomo por causa da música do anúncio”. Correu bem (as canções funcionam até melhor ao vivo do que em disco), mas não houve grande ousadias. Por causa do atraso – Gomo acabou já muito depois das 2 da manhã – não fiquei para os dj sets.

O segundo dia correu bem melhor. O concerto dos Nicorette começou ainda com uma hora de atraso (irra!), mas via-se já muito mais gente no castelo. A noite começou calma com os Nicorette, que ainda assim foram mais bem recebidos que o Micro Audios Waves na noite anterior. A minha opinião: os Nicorette são uma seca ao vivo. A maior parte das músicas começa bem, mas depois não saem do mesmo sítio. Ainda assim, foi um prestação simpática, estilo “boa noite, nós somos os Nicorette e não estamos aqui para incomodar ninguém”.

Já passava da meia-noite quando o Quinteto Tati subiu ao palco. Ao contrário do que esperava, havia muito gente interessada no concerto – pessoas que acredito não serem de Sines, porque toda a gente à minha volta sabia as letras das músicas… O concerto foi muito, muito bom. J.P Simões no seu melhor (aquele homem é um senhor, diga-se), de copo e cigarro na mão: “não sou alcoólico!”, canta ele.

Igualmente bem estiveram os Rádio Macau. Estes sim, recebidos com euforia. Foi um concerto em formato best of, com direito a tudo: «Cidade Fantasma», «Hoje É A Brincar», «Bom Dia Lisboa», «Elevador da Glória», «Amanhã é Sempre Longe Demais» (lindo, lindo!) e «O Anzol». Um grande concerto, quer para o público, quer para os elementos da banda, também eles deslumbrados com tão calorosa recepção. O concerto acabou, já em encore, com a Xana a cantar “se o fogo queima, nós também” – e ficou provado que sim.

5 Replies to “ritmos urbanos, dias 1 + 2”

  1. bolas. ando a precisar de ideias para ouvir. já cheguei ao ponto de passar a noite a ouvir eleni karaindrou. sabes quando não sabemos o que nos apetece ouvir? estou assim…

  2. há poucas coisas boas ao vivo, quanto a mim. j.p.simões é um herói: o único senhor que se atreve numa queima das fitas a insultar e gozar com a “classe” estudantil, sem que a maioria perceba…

  3. Muito fraco – umas mesas com meia dúzia de discos de cada editora (Ananana, Lux Records, La Folie, etc).

    E as vezes que lá passei não vi lá mais ninguém dentro…

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