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Ninguém tem por aí a edição nº. 1000 do Blitz, não? É de 30 de Dezembro do ano passado e tem um artigo sobre os melhores 1000 álbuns dos últimos 20 anos – é esse artigo que procuro.

roseaux sauvages

Ontem vi Os Juncos Silvestres, nesse formato tão nobre que é o VHS. O filme é bastante bonito: a acção decorre na França dos anos 60 e mostra-nos quatro jovens a caminho da maturidade, enquanto tentam encontrar-se a si próprios. A certa altura no filme, é lida a fábula de La Fontaine “O Carvalho e o Junco” – fábula que explica o título do filme e que tem tudo que ver com as personagens. Não encontrei uma tradução em português que fosse fiel, por isso aqui fica em inglês:

The Oak spoke one day to the Reed
“You have good reason to complain;
A Wren for you is a load indeed;
The smallest wind bends you in twain.
You are forced to bend your head;
While my crown faces the plains
And not content to block the sun
Braves the efforts of the rains.
What for you is a North Wind is for me but a zephyr.
Were you to grow within my shade
Which covers the whole neighbourhood
You’d have no reason to be afraid
For I would keep you from the storm.
Instead you usually grow
In places humid, where the winds doth blow.
Nature to thee hath been unkind.”
“Your compassion”, replied the Reed
“Shows a noble character indeed;
But do not worry: the winds for me
Are much less dangerous than for thee;
I bend, not break. You have ’til now
Resisted their great force unbowed,
But beware.”
As he said these very words
A violent angry storm arose.
The tree held strong; the Reed he bent.
The wind redoubled and did not relent,
Until finally it uprooted the poor Oak
Whose head had been in the heavens
And roots among the dead folk.

de volta, outra vez

Chuva de manhã, livros na piscina, mergulhos, praia das Bicas, serra da Arrábida, saladas de polvo, mexilhões, um dvd do Shrek, castelo de Palmela (assutador), praia do Rio da Prata, um cd da Bebel Gilberto, lulinhas fritas.
Foi uma boa semana.

blessed are the forgetful

O mês passado, numa das minhas visitas flash a Lisboa, aproveitei para pôr em dia as minhas idas ao cinema. Havia imensos filmes obrigatórios que tinha perdido, ou porque ainda estava em aulas, ou porque já estava em SInes – e portanto confinado à única sala de cinema da terra.
Vi finalmente o “Coffee and Cigarettes” – pequenas estórias que têm em comum café e cigarros. Há comédia, ironia e o Bill Murray. As melhores estórias: a da Cate Blanchett (que faz de si própria e de prima invejosa), e a de Alfred Molina e Steve Coogan (que esteve lindamente no “24 Hour Party People” e que aqui também está genial). A Meg White devia ganhar um Razzie Award – está muito mal no papel de Meg White.
No “Eternal Sunshine of the Spotless Mind” o Jim Carrey não faz de Jim Carrey – e ainda bem. Não vou escrever muito sobre o filme, para não estragar a quem não viu. Mas pode dizer-se que o Charlie Kaufman, que já tinha escrito o argumento de “Being John Malkovich”, tem uma tara por filmes que se passam na cabeça das personagens. A história é muito bonita, a Kate Winslet está muito bem e a banda sonora é perfeita no ambiente do filme: Jon Brion, Polyphonic Spree e Beck (já ouvi o “Everybody’s Gotta Learn Sometimes” vezes sem conta depois de ver o filme). Está ao lado do “Lost In Translation” na minha lista de filmes do ano até ao momento.
Vi também “La Mala Educación”, mas sobre esse ainda não sei o que dizer. Gostei, mas não tanto como dos anteriores do Almodóvar – o meu preferido continua a ser o “Hable Con Ella”.

sons do mundo no castelo

Arranca hoje em Sines mais um Músicas do Mundo – o festival que, desde há uns ano para cá, traz a Portugal o David Murray, arrasta para Sines grupos de friques – aquele espécimen que não lava o cabelo, veste roupas com buracos e tem um cão – e planta barraquinhas de venda de cerveja à porta da casa mortuária.

Este ano, para além das farturas e das bifanas e dos concertos no castelo, há também entretenimento after-hours junto à praia e sessões de cinema documental na Capela da Misericórdia.
Hoje sobem ao palco a Ronda dos Quatro Caminhos – uma joint venture de grupos corais de várias localidades alentejanas – e a Warsaw Village Band – techno-folk polaco que promete.

Amanhã é dia de Savina Yannatou (a diva grega), David Murray (a praga deste festival – está para o Músicas do Mundo como os Placebo estão para o Sudoeste) e Tom Zé.

No sábado, Septeto Roberto Rodriguez, Rokiá Traoré (sons do Mali) e, a encerrar o festival, Femi Kuti. O destaque do último dia de festival é, na verdade, o megalómano espectáculo de fogo de artifício, que promete cegar os mais desprevenidos.
Os bilhetes para um dia custam 5€ e uma entrada para os três dias custa 10€.